Categoria: Artigos
Data: 05/05/2025
O tríplice mandato de Deus para a família
Como preservar e cuidar das pessoas que Deus colocou em nossa volta?

Em 1987, na chamada década do rock brasileiro, a banda Titãs lançou um álbum intitulado "Cabeça Dinossauro". Uma das músicas que mais se destacou nesse álbum foi "Família". Para quem não conhece, a letra não é exatamente uma ode à família; pelo contrário, trata-se de uma crítica irônica às falhas da chamada "família tradicional". Os versos iniciais são bem conhecidos: "Família, família / Papai, mamãe, titia / Família, família / Almoça junto todo dia / Nunca perde essa mania."

Essa música aponta os problemas estruturais e as hipocrisias dentro da dinâmica familiar, criticando, por exemplo, a falta de apoio às mulheres que desejam se emancipar ou buscar independência. De lá para cá, essas críticas à estrutura familiar tradicional só se intensificaram, culminando em um movimento global de desconstrução da família tradicional, considerada por alguns como uma estrutura ultrapassada e opressora. Sob o pretexto de combater as desigualdades e o que chamam de "patriarcado", muitos culpam as religiões por perpetuarem esse modelo.

Essas críticas não são novidade. Desde 1884, quando Friedrich Engels publicou "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", a família já era apontada como uma estrutura de poder que sustentava o sistema capitalista e perpetuava a desigualdade social. Engels via a família como uma ferramenta de alienação, uma instituição que mantinha as pessoas presas a um sistema opressor.

Curiosamente, também faço críticas a certos aspectos das estruturas familiares, especialmente aquelas que perpetuam fissuras pessoais, familiares e sociais. Concordo que muitas vezes a família pode reproduzir padrões de disfunção e desigualdade. Contudo, proponho algo mais: uma visão de família verdadeiramente revolucionária, no sentido de resgatar seu propósito original conforme o plano de Deus.

Segundo o relato bíblico das Escrituras Judaico-Cristãs, em Gênesis, o ser humano foi criado à imagem de Deus, tanto homem quanto mulher. Esse propósito incluía refletir os atributos comunicáveis de Deus, como bondade, justiça e amor. Adão e Eva, como os primeiros seres humanos, foram criados para serem uma espécie de "outdoor" da natureza divina, uma referência visível para toda a criação entender quem é Deus. Eles receberam um tríplice mandato do Criador:

1. Mandato espiritual: Adorar, louvar e servir a Deus, liderando a criação nessa missão;
2. Mandato social: Multiplicar-se, povoar a Terra e desenvolver uma civilização que glorificasse o Criador;
3. Mandato cultural: Transformar e aprimorar a natureza, desenvolvendo cultura e progresso para o bem de toda a criação.
O plano de Deus era perfeito, mas sabemos que algo deu errado. A queda de Adão e Eva introduziu a imperfeição na humanidade. Hoje, nossas famílias refletem essa imperfeição. Podemos observar fissuras e desafios em todos os núcleos familiares, sejam religiosos ou não.

A grande questão, então, é: como podemos restaurar nossas famílias para aquele plano original de Deus? Como podemos, mesmo sendo imperfeitos, buscar a perfeição do propósito divino em nossas casas?

Família é algo inegociável. Você pode mudar de emprego, de vizinhança ou de amigos, mas não pode trocar de família. Ela estrutura seu passado, presente e futuro. Mesmo quando perdemos entes queridos, sentimos que algo profundo de nossas raízes é arrancado, mas ainda assim a memória deles permanece.

Por outro lado, quando formamos um novo núcleo familiar, deixando pai e mãe para nos unir a alguém, criamos uma nova história. A Bíblia Sagrada ensina que a família começa nesse momento, e os filhos são uma consequência desse vínculo. Mesmo quando eles crescem e formam suas próprias famílias, enxergamos neles a continuidade da nossa.

Portanto, resta-nos a tarefa de buscar a restauração de nossas famílias. Como podemos alinhar nossas vidas ao plano perfeito de um Deus perfeito? Como podemos ser instrumentos de transformação dentro de nossas casas?

A resposta está em nos voltarmos para o propósito original de Deus, permitindo que Ele aperfeiçoe nossas imperfeições e, por nosso intermédio, restaure a essência daquilo que Ele planejou para a família. Mesmo com nossas falhas, podemos refletir a graça e o amor divinos, tornando nossas famílias um reflexo vivo da bondade e da justiça de Deus no mundo.

Rev. Robinson Grangeiro Monteiro
Chanceler do Mackenzie


Autor: Mackenzie   |   Visualizações: 830 pessoas
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